O último rock do ano! - Anos 60, contracultura e contestação!
Nesta quinta-feira, 16/12/2010, a partir das 22:00, no CC Santa Mônica da UFU!
Bandas:
Stranger (The Doors Cover)
Black Jacks (The Beatles Cover)
Realização Coletivo Amanhã vai ser maior!

Imagem: Piterart
Alô, você que não me entende
Tão gentil em fingir me ouvir
Mas tão surda do que lhe falo
Você não é, nunca foi culpada
Eu sou e sempre tive a certeza
Que com tanta raiva estuprado
Meu cérebro foi por eu mesmo
Nem é culpa de álcool e do ato
Inconsequentemente atordoado
Pelo gritar ferino embasbacado
Ecoante na noite do desagravar
Que tivemos antes de nos odiar
Em pré-histórica era inventada
Nas núpcias ilusórias de torpor
Em fulgurosos enxames de cor
De tantos insetos espetaculosos
Trafegando tão desconjuntados
Buscando pólen de flor em flor
Engalfinha-me sem eu perceber
Duvido que disso você é capaz
Eu percebo bem mais do queria
O estoicismo me passa distante
De agruras é que me componho
Cometo infanticídio do amanhã
Não me permito nem esboça-lo
Boçalizo-me cônscio bem disso
Evitar antever o que não vai ser
Desesperança não é temperança
O vício não gerará virtuosidade
As sementes de ar em fofa terra
Não parirão as árvores de vento
Nem a frondosa copa das brisas
De pouco adianta a condolência
Sua inflexão não mudará ontem
Não se faça de hipócrita valente
Sua tolice revelará tudo do caos
Mas já então não mais adiantará
Quase nada valerá alguma pena
Você que se colocará no inferno
Queria escrever para desancar o choro que está guardado em mim não sei bem onde. Mas as palavras se escondem, se enfiam num buraco negro que dizem estar no meu estômago, bem depois de minhas tripas. Estão presas entre correntes de carne viva. Estão desnorteadas, desbaratadas, descortinadas, espancadas, intoxicadas e flageladas. Elas e as lágrimas precisam se desatar de tudo isso, mas nem mesmo a mais mortal das armas de corte, forjada pelas mãos e punhos do próprio Hefesto, é capaz de fazer com elas se deflagrem e possam se espalhar no ar, tal como sublima a pastilha naftalínica.
Não sei o que se passa. Não é amor, nem ódio, muito menos rancor ou saudade. Talvez seja a dor de há muito não sentir nada disso. Um sentimento de aflição por um esvaziar de si mesmo... Que lembra a areia paulatinamente caindo pela ampulheta.
Fausto, Fausto... Como te culpo por teres desejado tanto esse maldito progresso. E mais ainda por terdes criado essa tal modernidade que ninguém se reconhece. Eu só desejei a minha liberdade, mas tu sempre vieste com tuas ideias despóticas de falsidade e sequer te justificaste nalgum dia.
Deus, deus... Primeiramente em maiúsculas e depois em minúsculas, pois vós sempre fostes omisso. Enquanto ocorria toda a desgraça aqui no solo que és vossa criação, omitias-te como se não fosse de vosso interesse. Por isso de hoje em diante me recuso a fazer o pai nosso (que aliás nunca foi meu) e a clamar por vosso nome. Nunca me ouvistes. Por que ouvirias agora?
Perdoe-me por lhe dizer, mas ninguém o entenderá. Você andará perdido e tentará gritar por socorro, mas suas cordas vocais estarão dilaceradas e nada será real a não ser os seus tormentos. Digo por experiência própria. Palavras de quem sempre oscilou entre o ser e o não ser e só foi amado por não ser... Não ser o que é.
Sempre foi assim. Eles não ouvem. Não querem saber o porque de suas dores. Porém, você (e eu) nunca quis(emos) saber o que eles sentiam. Minha, sua hipocrisia se encontra bem no lugar onde fingimos não saber que ela ali está. Afinal sabemos (embora também finjamos não saber) que a maior das conveniências é adentrar na ilusão imbuído pelo espírito medíocre da inexorabilidade.
Logo mais a vida se esvai. Vai-se mudo pelo mundo. Seus sorrisos tão cálidos não dizem nada do que é. Suas estórias, histórias, conversas e piadas nunca foram o que quis dizer. Disse para os outros o que eles gostariam que pronunciasse. Sua palavra é imunda, deslocada e fragmentada. Carece de sentido para você mesmo e, para os outros, soa mais complicado que o gaguejar de alguém que fala aramaico.
Preciso ser o meu não ser. Um tanto agora e logo mais. Fala da vida o que bem quis, o grito exasperado de quem ousa ser muito feliz. Mas nem precisam me encantoar para que eu me entregue e me faça de desentendido do sofrimento de mim e o que está ao meu redor. Falta o doce cheiro que vem com o desabrochar de belas flores sincronizadas com o nascer do novo dia.
Preciso acabar esse texto. Os críticos sedentos por seu fim que se fodam, pois ele delicia a eles e deprime a mim.
Primeira parte
Dama tão bela / Que jazes na terra / Para onde tu vais / Agora que não / É mais deste Mundo / O que eu faço agora / Sem vos terdes / Para fazeres / Com que eu sorria / Quando triste / Ficar (..) o meu (...) ser
Parte Principal
Eu me lembro de te ver / Me acenando lá do cais / Coberta por um lindo manto / Com estampas de florais.
Todo dia eu partia / Pelo mar desconhecido / Pois marinheiro que eu era / Escolher não era permitido
O capitão ditava os rumos / De minha vida e do navio / E como um cordeiro aceitava / e nunca era arredio
E a mim o que restava / Era de meu bolso retirar / A tua velha carta / Com teu amor a declarar
Eu relia sempre à noite / Feito a novas palavras / Pois elas me faziam / Pensar que a meu lado tu estavas
Morfeu então me arrebatava / E eu sentia o teu beijo / Entorpecido em doces sonhos / Transbordando de desejo
Mas em breve eu acordo / Vejo que não estás mais / No mundo triste e insano / Por onde andam os mortais
Muito infeliz eu me pego / Com lagrimas a derramar / Em todo o meu rosto / E de ti fico a lembrar
Sorrindo e chorando / Me acenando lá do cais / Coberta por um lindo manto / Com estampas de florais.