domingo, 22 de maio de 2016

Batalha de MCs no centro de Uberlândia: é o povo que chegou para ficar





Bonés de aba reta, cabelos black, alargadores nas orelhas e outros tantos adereços que compõem estilos em que se veste a juventude do povo brasileiro ocuparam a cena durante a Batalha de MCs e Arena Break que ocorreu no centro de Uberlândia neste sábado dia 21 de maio.
Os jovens implodiam assim a estética impositiva provinda de muitos que moram nas proximidades daquela região da cidade, que por um certo elitismo ainda vigorante, não costuma acolher tão bem assim a diversidade.
 Aquela região próxima ao núcleo fundador da cidade, onde moravam/moram os coronéis locais poderíamos fazer alusão a algo que seria como uma “cidade velha”. Contudo que se transmuta pela presença daqueles jovens com seus versos e beats, em uma cidade que reivindica ser nova, uma novidade. Uma novidade feita pelo que emerge enquanto resistência ao que é dominante. Querem que a cidade tenha rap e, não querem ter apenas voz (pois já tem e mandam incrivelmente bem nisso), querem que estejam com os seus, para que possam se ouvir e falar (Juntos).
Construir suas formas próprias de viver e fazer a paisagem da cidade.
O local escolhido pelos organizadores, inicialmente seria a chamada Praça Bicota, que recebeu esse nome devido a uma sorveteria que ali fica situada. Mas, por ser um local pequeno e que não comportaria todas as pessoas a atividade foi deslocada para outra praça ali próxima:  a praça da Igreja do Rosário.

A igreja em que frequentavam as negras e negros que se libertaram da escravidão agora em seu entorno é tomada pela juventude dos bairros populares e da periferia de Uberlândia. O local de sociabilidade e de relações sociais do povo negro de ontem, em que exprimiam dentro de pressões sua cultura, seu modo de viver, hoje se fez o lugar em que os jovens da cidade da classe trabalhadora, em grande parte também negros, manifestem suas artes, suas rimas e seu jeito de ser.
Jovens que ocupam a cidade com alegria, dizendo que querem fazer acontecer. Com o mesmo ímpeto e vontade de quem não abaixa a cabeça, de quem rompeu as correntes para livre poder ser. Mostram assim que a juventude quer viver, quer ter lazer, cultura, educação e artes. Quer uma cidade que acolha as diferenças, que seja acessível a todos e todas, sem que se feche em muros, ou que segregue quem não concorde com a normas instituídas.




ESSA JUVENTUDE DO BRASIL! É FOGO NO PAVIL!

Fotos: Cleber Couto