Meus olhos são bem tristes
Não tristes de uma tristeza mórbida
Daqueles que sempre tristes querem ser
Pois um ar doce têm e parecem até saber
Que doente é quem não quer ser feliz.
E se resguarda por sob as sombras
E delas parece ter até medo de sair.
Já meus olhos são ternos e cheios de fé.
Contemplam o horizonte e as estrelas
Mas opacos ficam perto dos meus sorrisos
Que os ofuscam e os contradizem
Por serem tão fartos e vivazes
Porém não tão ricos em sinceridade.
Não sei o que fazer, mas quero muito mudar.
E para mudar o que fazer tampouco pouco sei.
Perco-me a cada hora e sou todo desencontros!
Caras e bocas e olhares desconexos
Incapazes de musicarem uma boa canção.
Não são harmoniosos, tampouco agradáveis.
São mais do tipo incômodos e trágicos.
Feitos a uma opereta ruim que canta as trevas
Tingem de preto o céu azul do bom humor
E fazem fiapos das nuvens felpudas de algodão.
Um dia, entretanto, espero que se sintonizem.
Como numa utópica fusão de ondas de rádio
Feita de ondas curtas, longas e médias.
Não mais isoladas no espaço e no tempo
Mas todas uma só, numa só frequência.
Numa mesma estação muitas vozes e sons
Serão possíveis de serem ouvidos
Mas eles não são nada desarticulados.
São bem entendíveis é bom dizer...
Parecidos a um organismo saudável
Em que as funções das mais diversas
Fazem-se não por individualismos tolos
Mas por um todo que não é de um só.
E como o humilde passageiro fica a esperar
O trem que em sua hora nunca vai passar
Olhando aqueles trilhos a perder de vista.
Fito o vazio com olhos cheios de esperança
Bem como o náufrago fica sempre a observar
Solitário numa ilha esperando a nau chegar.
A incerteza existe e trás certa amargura
Mas ela se refere apenas ao momento
Pois a chegada vejo como muito certa
O que me faz um tanto cheio de mim
Para aguardar a grande transformação.
E assim seguirei totalmente em segurança
Em minha condução para a própria paz.
E nesse instante quem mirar em minha face
Verá enfim um doce valsar de seres celestes.
E no lugar do arranjo todo descompassado
A orquestração mais bela feita à fina flor.
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"Perco-me a cada hora e sou todo desencontros"!
ResponderExcluirquem nunca o foi, nunca vai se char.
:)
Postagem preferida (até agora).
ResponderExcluirForte abraço.
Deusdocéu, cara!
ResponderExcluirAlém de opiniões inteligentes, dicas de músicas e filmes imperdíveis e uma linguagem correta e clara...ainda somos brindados com poesia! É covardia!
Um abração!
Diego, parabéns pelo belíssimo poema, que mescla sensibilidade a um moderno lirismo. Ganhou um fã.
ResponderExcluirGrande abraço, Poeta!
Lindo demais, eu adorei. Ainda não conhecia esse seu lado poeta, mas já vejo que vai fazer muito sucesso com quem te lê ^^
ResponderExcluirDesculpe o sumiço, as coisas andam caóticas por aqui. Muito obrigada pelo selo, eu postei lá no meu blog com os devidos agradecimentos.
Beijão!
muito interessante, parabens!!
ResponderExcluir"A incerteza existe e trás certa amargura
ResponderExcluirMas ela se refere apenas ao momento"
Tudo bem que se refira somente ao momento, mas é tão forte o incômodo que ela traz, não é mesmo?
Beijo!
Sei... ¬¬'
ResponderExcluirUltimamente tenho sido cautelosa com a esperança. Ela pode machucar demais.
Mesmo assim, tenho considerado as pessoas a minha volta preocupadas. Como se análise fosse tristeza.
Mas eu nem acho que analiso demais.
É só uma questão de... cautela.
Cautela para programar o meu futuro, alcançar, sim, então, meus sonhos, meus desejos mais profundos. A mim mesma. Eu me aguardo. *_*
faz musica comigo?
ResponderExcluirOlá Diego!
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de pedir minhas sinceras desculpas, quis muito vir antes, mas pela pura falta de tempo não consegui, vi o selo e fiquei imensamente feliz, está guardado com carinho, pois vou postar todos que ganhei, juntos.
Claro que aceito parceria, já o linkei em meu blog.
Maravilhoso seu espaço fiquei encantada, é muito inteligente e sensível, gosto disso.
Você escreve lindamente, não pare!!!
bjo grande
Que sonhos e planos estes olhos escondem? Essa poesia fantástica se revela uma camada de algo muito mais profundo!
ResponderExcluirAbraços
Rodrigo Andolfato
Belo poema!
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