quinta-feira, 2 de abril de 2009

Olhos .

Meus olhos são bem tristes

Não tristes de uma tristeza mórbida

Daqueles que sempre tristes querem ser

Pois um ar doce têm e parecem até saber

Que doente é quem não quer ser feliz.

E se resguarda por sob as sombras

E delas parece ter até medo de sair.


Já meus olhos são ternos e cheios de fé.

Contemplam o horizonte e as estrelas

Mas opacos ficam perto dos meus sorrisos

Que os ofuscam e os contradizem

Por serem tão fartos e vivazes

Porém não tão ricos em sinceridade.


Não sei o que fazer, mas quero muito mudar.

E para mudar o que fazer tampouco pouco sei.

Perco-me a cada hora e sou todo desencontros!


Caras e bocas e olhares desconexos

Incapazes de musicarem uma boa canção.

Não são harmoniosos, tampouco agradáveis.

São mais do tipo incômodos e trágicos.

Feitos a uma opereta ruim que canta as trevas

Tingem de preto o céu azul do bom humor

E fazem fiapos das nuvens felpudas de algodão.


Um dia, entretanto, espero que se sintonizem.

Como numa utópica fusão de ondas de rádio

Feita de ondas curtas, longas e médias.

Não mais isoladas no espaço e no tempo

Mas todas uma só, numa só frequência.


Numa mesma estação muitas vozes e sons

Serão possíveis de serem ouvidos

Mas eles não são nada desarticulados.

São bem entendíveis é bom dizer...

Parecidos a um organismo saudável

Em que as funções das mais diversas

Fazem-se não por individualismos tolos

Mas por um todo que não é de um só.


E como o humilde passageiro fica a esperar

O trem que em sua hora nunca vai passar

Olhando aqueles trilhos a perder de vista.

Fito o vazio com olhos cheios de esperança

Bem como o náufrago fica sempre a observar

Solitário numa ilha esperando a nau chegar.


A incerteza existe e trás certa amargura

Mas ela se refere apenas ao momento

Pois a chegada vejo como muito certa

O que me faz um tanto cheio de mim

Para aguardar a grande transformação.

E assim seguirei totalmente em segurança

Em minha condução para a própria paz.


E nesse instante quem mirar em minha face

Verá enfim um doce valsar de seres celestes.

E no lugar do arranjo todo descompassado

A orquestração mais bela feita à fina flor.

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12 comentários:

  1. "Perco-me a cada hora e sou todo desencontros"!

    quem nunca o foi, nunca vai se char.

    :)

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  2. Postagem preferida (até agora).

    Forte abraço.

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  3. Deusdocéu, cara!
    Além de opiniões inteligentes, dicas de músicas e filmes imperdíveis e uma linguagem correta e clara...ainda somos brindados com poesia! É covardia!
    Um abração!

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  4. Diego, parabéns pelo belíssimo poema, que mescla sensibilidade a um moderno lirismo. Ganhou um fã.

    Grande abraço, Poeta!

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  5. Lindo demais, eu adorei. Ainda não conhecia esse seu lado poeta, mas já vejo que vai fazer muito sucesso com quem te lê ^^

    Desculpe o sumiço, as coisas andam caóticas por aqui. Muito obrigada pelo selo, eu postei lá no meu blog com os devidos agradecimentos.

    Beijão!

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  6. muito interessante, parabens!!

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  7. "A incerteza existe e trás certa amargura

    Mas ela se refere apenas ao momento"

    Tudo bem que se refira somente ao momento, mas é tão forte o incômodo que ela traz, não é mesmo?

    Beijo!

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  8. Sei... ¬¬'

    Ultimamente tenho sido cautelosa com a esperança. Ela pode machucar demais.

    Mesmo assim, tenho considerado as pessoas a minha volta preocupadas. Como se análise fosse tristeza.

    Mas eu nem acho que analiso demais.

    É só uma questão de... cautela.

    Cautela para programar o meu futuro, alcançar, sim, então, meus sonhos, meus desejos mais profundos. A mim mesma. Eu me aguardo. *_*

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  9. Olá Diego!

    Primeiro gostaria de pedir minhas sinceras desculpas, quis muito vir antes, mas pela pura falta de tempo não consegui, vi o selo e fiquei imensamente feliz, está guardado com carinho, pois vou postar todos que ganhei, juntos.
    Claro que aceito parceria, já o linkei em meu blog.

    Maravilhoso seu espaço fiquei encantada, é muito inteligente e sensível, gosto disso.
    Você escreve lindamente, não pare!!!

    bjo grande

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  10. Que sonhos e planos estes olhos escondem? Essa poesia fantástica se revela uma camada de algo muito mais profundo!

    Abraços
    Rodrigo Andolfato

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