quarta-feira, 10 de junho de 2015

ver a gente

eu vejo como bonitas as pessoas
cada uma se criando encantada
no espaço entre a crueza e o delírio da vida
trafegando no infinito desses pontos

não se adianta ser o que não é
nem presta muito ser o que não se quer
é que uma vida vai embora num instante
igual tempo que lágrima desce d’olhos

tudo o que guardo em mim nem sempre ficará
e às vezes jogo no lixo o que não serve mais
é um ritual que faço em mim para carregar
a angústia no peso que consigo as levar

já fui ao lugar onde a dor mais consome
e  aprendi a viver quando tem de viver
deixando ficar quando tem de ficar
e ir embora quando tem de ir

pras pessoas há um sofrer latente
que todo mundo quer escapar
e ninguém quer muito observar
pois é como um espelho de si só

a solidão tem horas que acalenta
e o sorriso por vezes entristece
porque somos feito  grama verdinha
que um boi no amanhecer vai pastar

tudo que se constrói um dia se desfaz
e se o que se grava de algum jeito ficará
a realidade corrói as possibilidades
mas mesmo nessa toada as pessoas continuam bonitas



Diego Leão – 07/06/2015

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