eu vejo como bonitas as pessoas
cada uma se criando encantada
no espaço entre a crueza e o delírio da vida
trafegando no infinito desses pontos
não se adianta ser o que não é
nem presta muito ser o que não se quer
é que uma vida vai embora num instante
igual tempo que lágrima desce d’olhos
tudo o que guardo em mim nem sempre ficará
e às vezes jogo no lixo o que não serve mais
é um ritual que faço em mim para carregar
a angústia no peso que consigo as levar
já fui ao lugar onde a dor mais consome
e aprendi a viver
quando tem de viver
deixando ficar quando tem de ficar
e ir embora quando tem de ir
pras pessoas há um sofrer latente
que todo mundo quer escapar
e ninguém quer muito observar
pois é como um espelho de si só
a solidão tem horas que acalenta
e o sorriso por vezes entristece
porque somos feito
grama verdinha
que um boi no amanhecer vai pastar
tudo que se constrói um dia se desfaz
e se o que se grava de algum jeito ficará
a realidade corrói as possibilidades
mas mesmo nessa toada as pessoas continuam bonitas
Diego Leão – 07/06/2015
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