perambulo em ônibus
e vejo faces tristes
unidas em suas solidões
trafegando em desesperanças
que as isolam entre si
pare o trânsito!
é preciso colher a flor
cessar o tempo
olhar nos entremeios de suas pétalas
no assustador dos vazios de sua beleza
a superfície acomoda
faz respirar fácil o ar
só que soterra nossos templos
faz chão o que há de nós
come nossa paixão de mundo
pare o trânsito!
não deixem que a esmaguem
é preciso tocar a flor
e beijar a flor
deixar crescer e ser
deslizo dedos em seu caule
corto-me em espinhos
e pela epiderme escorre o vinho
e a abertura que se faz pequena
se fará uma marca grande
pare o trânsito!
é preciso amar a flor
ela não está ali no asfalto
está bem dentro de nós
por que queremos ceifa-la?
Uberlândia, 15/06/2015 –
06:05h
Nenhum comentário:
Postar um comentário