Ando pela cidade tarde da noite
Sem nem saber para onde vou...
Na alameda qualquer,
Sem nem saber para onde vou...
Na alameda qualquer,
Quase nada ilumina.
Apenas a lâmpada de um velho poste
Emite um inconstante feixe de luz.
A madrugada por muito ser incerta
Faz a gente buscar alguma segurança
No resguardo das prisões domiciliares.
Já que longe do agito de bares e boates
Só os loucos é que vagam pelas ruas
E estes causam medo em que os vê.
Cidade grande, grande contradição...
Quanto mais gente, mais se sente só.
Quando virar a esquina o que será?
Ao meu lado um muro cheio de folhas
Tão extenso que parece nunca acabar.
No alto muito atento ele fica a observar.
Acinzentado repleto de penas e plumas
Reluzente mesmo quando tão soturno.
Mescla de terror e admiração sinto.
Um grito ecoante na cabeça.
Quando ele debanda em vôo curto...
Para encontrar um dos que são seus.
Completude do incompleto = 1 + 1 = 2.
Sinistro casal a se enamorar
Só que não conseguem esconder
Os olhos fulgurantes a espreitar.
Algo que imediato não sei dizer
E que escapa à minha compreensão.
Sempre muito limitada e medíocre
E cada vez mais imersa na obviedade
Não abstrai sequer a simplicidade
Que é tão intrincada neste universo.
Um roedor emerge de um bueiro...
De novo o terrível som estridente.
Feito o trespassar de vidro no chão
Incomoda a ponto de parecer sádico
Ferindo meus ouvidos por diversão.
Pelo ar se movimenta o ser alado
Rasante em direção ao bicho felpudo.
Amedrontado, paralisado e impotente
Sente apenas o dorso cravado por garras...
E em pouco os pelos e pele dilacerados...
Muita angústia se espalha
Em meio a todo aquele breu
Pouco possível é a resistência
Contradigo-me ansiando a fuga
Admirando sem me deixar piscar
Como o telespectador muito inerte
O final de uma novela fica a admirar
Não tenho qualquer poder sobre a situação.
Uma presa pouco vale para um predador.
É só comida necessária para perpetuar a vida.
Sedenta da energia da carne e sangue mortos.
E se me pego enojado pela carnificina
Logo encontro naquilo muita dignidade...
Bem maior que dos humanos contemporâneos
Que loucamente devoram a si e uns aos outros
E a ‘difícil’ caça se reduz a uma ida ao açougue.
Apenas a lâmpada de um velho poste
Emite um inconstante feixe de luz.
A madrugada por muito ser incerta
Faz a gente buscar alguma segurança
No resguardo das prisões domiciliares.
Já que longe do agito de bares e boates
Só os loucos é que vagam pelas ruas
E estes causam medo em que os vê.
Cidade grande, grande contradição...
Quanto mais gente, mais se sente só.
Quando virar a esquina o que será?
Ao meu lado um muro cheio de folhas
Tão extenso que parece nunca acabar.
No alto muito atento ele fica a observar.
Acinzentado repleto de penas e plumas
Reluzente mesmo quando tão soturno.
Mescla de terror e admiração sinto.
Um grito ecoante na cabeça.
Quando ele debanda em vôo curto...
Para encontrar um dos que são seus.
Completude do incompleto = 1 + 1 = 2.
Sinistro casal a se enamorar
Só que não conseguem esconder
Os olhos fulgurantes a espreitar.
Algo que imediato não sei dizer
E que escapa à minha compreensão.
Sempre muito limitada e medíocre
E cada vez mais imersa na obviedade
Não abstrai sequer a simplicidade
Que é tão intrincada neste universo.
Um roedor emerge de um bueiro...
De novo o terrível som estridente.
Feito o trespassar de vidro no chão
Incomoda a ponto de parecer sádico
Ferindo meus ouvidos por diversão.
Pelo ar se movimenta o ser alado
Rasante em direção ao bicho felpudo.
Amedrontado, paralisado e impotente
Sente apenas o dorso cravado por garras...
E em pouco os pelos e pele dilacerados...
Muita angústia se espalha
Em meio a todo aquele breu
Pouco possível é a resistência
Contradigo-me ansiando a fuga
Admirando sem me deixar piscar
Como o telespectador muito inerte
O final de uma novela fica a admirar
Não tenho qualquer poder sobre a situação.
Uma presa pouco vale para um predador.
É só comida necessária para perpetuar a vida.
Sedenta da energia da carne e sangue mortos.
E se me pego enojado pela carnificina
Logo encontro naquilo muita dignidade...
Bem maior que dos humanos contemporâneos
Que loucamente devoram a si e uns aos outros
E a ‘difícil’ caça se reduz a uma ida ao açougue.
Teste!
ResponderExcluirAbacate 1, 2, 3!
Abacate!
ResponderExcluirTeste!
Abacate! 1,2, 3!
Vai, vai, vai...
Então, meu amigo, além de admirador dos seus textos com teor político e social, das "Velharias" que vc descobre,e das críticas cinematográficas, vou me tornar fã dos teus poemas também.
ResponderExcluirParabéns, Multi-Diego!
Um abração!
cheguei aqui a partir da questão "por que estudar história?" me fez pensar um pouco (raridade heheh), eu não estudei história, ela ficou como 2ª opção, acabei fazendo letras, mas, literatura tem tudo a ver com história. aprecio tentar descortinar os fatos contemporâneos, mas também as suas sementes plantadas há muito tempo. penso que história seja essencial antídoto contra a alienação, sabendo um pouco da história e me posicionando em relação a ela, posso justificar meu pensamento neste mundo doido. sobre o poema, tece uma bela representação de cidade: habitat de solidão/isolamento, de escuridão, cenário de um vagar que assiste à vida em seus diversos matizes obscuros, seja a 'antropofagia', seja a auto-satisfação passageira, seja a novela hipnótica... reflete o momento atual e será que por isso posso chamar de História? aguardo resposta rsrsrs
ResponderExcluirvixe, eu achava que gostava de escrever, acabo de descobrir que gosto quase nada heheheh
ResponderExcluirficção X realidade... questão que faz a minha ervilha fritar, já li vários textos sobre isso e confesso ainda não é uma ideia clara, adentra o campo da filosofia, isto é aristóteles e cia e falar trocentas páginas te deixando apenas inúmeros pontinhos de interrogação a flutuar por sobre a cuca
mas como diz aquela propaganda, não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas, então, continuemos a questionar mais e mais...
vlw pela troca de ideias!
byeeee
A moça do comentário anterior, Fabi Peixoto, foi minha aluna...deve ter aprendido a escrever com a profe...não! ela é cheia das idéias, super inteligente mesmo!
ResponderExcluirEu adorei o poema e concordo com ela: este habitat da solidão.
Quanto ao Florestan Fernandes, prometo que te repasso a bibliografia, assim que puser ordem no material do semestre que se encerra. bjs :)
Abacaxi
ResponderExcluirDiego
ResponderExcluirVim agradecer a visita e gostei demais do teu espaço.
Esta sensação do caminhar sozinho na "cidade grande" bate forte em mim. Chega a doer. A solidão nas pequenas cidades, é muito mais amena... Acho que eu já não sobreviveria numa metrópole.
um abraço
Oi Diego! Faz tempo que não apareço, mas, espero nunca ser tarde para lê-lo...
ResponderExcluirVocê tem um modo de escrever peculiar,"visceral" eu poderia dizer? Profundas questões invadem teus pensamentos e transpassam seus textos e poemas, aliás, tens um dom para escrevê-los. Esse, em particular, chamou-me a atenção por expor essa letargia humana em situação de insegurança, ao mesmo tempo em que o "eu lírico" tenta compreender o paradoxo da sociedade (sentir-se só em meio à multidão, por exemplo). Aprecio esse equilíbrio da história e da literatura nos versos. Bjins e até!
po..esse foi massa....gostei
ResponderExcluir;)