quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Liberdade .




créditos imagem: freedom toast



O que é liberdade?

Difícil defini-la...

Sei que nos é cara e para quase todo mundo como algo inerente a uma boa vida. Mas sendo bem franco: nunca vi um tema que assumisse um caráter tão contraditório quanto ela.

Não que esteja dizendo que ela tenha um sentido que não o de “desprender-se” de algo. Mas esse “algo” é que chama a atenção.

A busca pela liberdade já sinalizou lutas muito caras para a humanidade no decorrer da história. Seja a luta por uma “liberdade burguesa”, proveniente das revoluções francesa e estadunidense, que liberta um grupo (burguesia), deixa tantos outros setores com uma liberdade bem mais restrita.

Seja nas revoluções comunistas / socialistas que se pretendiam libertar seu povo, mas que na realidade se revelaram tão ou mais opressoras que as daqueles que combatiam. E seja ainda nos outros diversos sentidos que a palavra “libertação” assume um significado que motiva as pessoas a buscá-la (espiritual, financeira, emocional, moral, etc.).

Essa diversidade de modos de pensar assume algumas conotações bastante interessantes. Gostaria então de expor duas delas que me fizeram refletir um bocado e por isso achei que seria legal compartilhá-las com quem tiver alguma paciência.

Créditos Imagem: emdot.

O filme Easy Rider – Sem Destino (1969), por exemplo, para mim é uma metáfora de um dos significados da liberdade. A principal idéia é que as pessoas temem a liberdade.

A sociedade repugna todo aquele que não adere aos moralismos, às regras, às formas de agir e a quaisquer outras formas consolidadas pelo senso comum.

Neste filme, em praticamente todas as cidades em que param dois motoqueiros, interpretados por Dennis Hopper e Peter Fonda, estes são vistos como uma espécie de ameaça.

Os cabelos grandes, as roupas, as motos e todo seu visual passam para as pessoas um certo medo. Medo que um terceiro personagem, interpretado por Jack Nicholson, expõe que não advém das características físicas dos personagens, mas daquilo que representam: a própria liberdade.Ele inda conclui que as pessoas vivem falando daquilo que ela significa individualmente, mas quando veem um indivíduo verdadeiramente livre o rechaçam. E quem corre perigo, na verdade, é o próprio tipo de pessoa que os “homens comuns” temem, afinal farão de tudo para excluí-la. E ainda diz mais: “Mas nunca diga a alguém que ele não é livre. Ele o aleijará e matará para provar que é”.

Outra visão interessante é expressa no documentário “Metal – A Headbanger’s Journey” (2005) que trata do estilo de música Metal e também da forma como o encaram seus fãs. De um modo geral, neste filme, há uma ideia de que esse estilo é uma verdadeira expressão de uma postura libertária perante a sociedade.


créditos imagem: Vrede Van Utrech


A música, o visual, a maneira de agir, é encarada por muitos dos fãs como uma maneira de chutar o mundo e suas regras para escanteio. Você não precisa curtir Malu Magalhães, Back Street Boys, Britney Spears, funk e axé apenas porque a maioria das pessoas diz que é legal. Mesmo que não gostem e o excluam por causa disso, é uma decisão sua ouvir e agir da maneira que bem entender. Da mesma forma, se as pessoas entendem que esse tipo de música é agradável, também não cabe a qualquer um interferir nessa escolha.

De um modo geral mesmo tratando de headbangers especificamente, creio que este filme demonstra de forma muito eficaz o que representa assumir uma postura social que não condiz com o que a maioria pensa. A sociedade sempre cuidou de marginalizar o diferente: seja gay, punk, oriental, latino, nordestino, negro ou qualquer tipo que não integre o círculo padrão das relações sociais.

E à medida que se repreende alguém pelo que é, também se reprime a maneira do outro agir como bem entender. E a própria liberdade pessoal de se tomar um rumo semelhante num momento posterior, já que se não aceito o outro como ele bem é, também não posso adotar semelhante postura. Ao delimitar as rotas que alguém deve seguir, também delimito as trilhas pelas quais eu próprio posso caminhar.

Que liberdade é essa então? Uma liberdade ilusória e restrita e que não se baseia na compreensão da liberdade do outro? Se for esse o sentido de liberdade individual, creio então que as pessoas jamais deveriam fazer uso dela.

Somos também seres dentro de uma coletividade e como tais, devemos pensar também numa libertação da sociedade como um todo.

Uma liberdade que não seja libertina e que não ocorra o desrespeito ao outro. Uma liberdade em que talvez esteja delimitada a algumas regras e restrições (claro, não seria legal se você saísse matando indivíduos e os desrespeitando por considerar isso uma forma de expressar que é livre), mas onde também exista o espaço para que cada um possa se expressar e agir da maneira como lhe convier sem ser alvo de preconceitos e moralismos impostos pela sociedade.

Enquanto isso, seguimos fantasiando uma liberdade delimitada por enormes muros de hipocrisia. Afinal, não é este um mundo de aparências? E se assim é, parece ser muito mais cômodo passar para os outros que se é livre, do que verdadeiramente ser.






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10 comentários:

  1. te amo...
    Cuidado com a liberdade...
    hahahahaha zuera...
    enfim... acho que a forma de sermos livres é aceitar outras pessoas que são livres também

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  2. Liberdade hoje, é aberta, mundo está mudando, bom, demorou um pouco pra mudar, mas.. obama, é uma prova, espero tbm que baixar coisas na web seja liberado pq é assim hj em dia, nao tentar alienar as pessoas globais... bom, não sei se ajudo.
    Um abraço.

    Pega lá seu selo, seu blog merece:
    www.avaliandoblogs.tk

    Visite meu blog:
    Www.dandoplay.blogspot.com

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  3. Liberdade éh, realmente, um termo bem indefinido e, definitivamente, relativo. Não podemos nos nomear "livres" quando, as vezes, apontamos para a liberdade do próximo como algo negativo. Como citado, liberdade eh um termo distorcido, e cada um tem seu jeito de vivenciá-la... Mas, como tudo, tem seus pontos positivos negativos e esses não se podem ser discutidos, são de fato.

    visita o meu, fiz um texto sobre outro tema bem interessante e, assim como o seu, bem diversificado, cheio de opiniões... visita e comenta:
    www.tonblogando.blogspot.com

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  4. O que eu posso dizer alem de... CONCORDO PLENAMENTE COM VC... Em tudo, em todos os conceitos sociais distorcidos com o passa do tempo... essa moralidade ou melhor falta de moralidade... Alias oq seria moralidade na verdade... Pois hoje a mesma artista que apresenta um programa infantil posa nua... e tá tudo bem tudo otimo... Mas uma pessoa que trabalha todos os dias no sol quente é tratado como "pobre" com "vergonha"... Oq é moral nesse mundo... Os principios são distorcidos... alias estão tão distocidos que nem a propria moralidade saberia dizer oq é ser moral nos dias hipocritas de hoje... Ideologia... Ideologia... Precisamos de mais atitudes... E menos Hipocrisia...
    Adorei que vc tenha voltado

    poq eu adoro seus textosss... seja bem vindo de volta hahahaha

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  5. Fala garoto... Foi mal a demora! Gostei do teu novo blog e to adicionando teu banner no meu blog.
    Boa sorte e já sabe.. se precisar tamos aí..
    Abraços!
    _____________________________________
    Visite: http://opinenoblog.blogspot.com

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  6. Liberdade é ser livre pra definir o que é "liberdade" ;)

    [Uau, que profundo]

    Só sei que você conseguiu exprimir muito bem o que pensa, e o que você pensa é tão parecido com o que eu penso O.O

    Enfim, curti a veras.

    http://toscoebizarro.blogspot.com/

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  7. Para mim, ser livre é uma catarse. Todos temos uma sombra dentro de nós, onde está tudo aquilo que escondemos dos outros e, principalmente, de nós mesmos. Nossos medos secretos, nossa negação, nossos sentimentos mais crus, entre outros "pertences da caixa de Pandora". Ser livre, antes de mais nada, é abraçar essa sombra, é ter coragem de encarar o espelho. Antes ainda de aceitar os outros e o mundo, aceitar a si mesmo, com todas as suas verdades implícitas.

    Bjo, moço ;*

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  8. Liberdade em todos os lugares e para todos?
    Hoje nem todos nós temos a liberdade desejada, supondo um lugar onde somente é frequentado por pessoas com roupas... vamos dizer chiq, e até mesmo de classe alta. Chega outra pessoa muito a vontade, camiseta, shorts e tênis. Ela poderá entrar com todo o direito, mas sem dúvida será notado, comentado, as veses até ridicularizado pelos outros. Ou seja, então não temos a liberdade que se é exposta pra todos? Acho que não.

    Um assunto difícil de se discutir, precisariamos de mais atititudes e menos hipocrizia [2] Precisamos de um mundo mais livre.

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  9. A Verdade é que a Liberdade nunca existiu

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  10. Bom dia querido!

    Finalmente estou me desafogando de tantos compromissos. Tive que aproveitar esta folga e vir aqui conferir o seu novo trabalho.

    Tenho que lhe parabenizar: você conseguiu construir um blog bem melhor que o anterior!

    Sobre a postagem, gostei muito. Achei interessnte a sua comparação do filme, o documentário e a nossa visão de liberdade.

    A verdade é que em relação a pessoa e suas escolhas, tudo é muito relativo, mas uma coisa é certa: fazer as próprias escolhas, sem amarras, sem se importar com julgamentos alheios já é um bom começo apra desfrutar da tão sonhada liberdade.

    Kiso

    http://garotapendurada.blogspot.com/

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