quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

expectativa

atchim
vale lá longe
você já espirrou
o que já se quis
e estava ali tão junto
que só mais um pouco
e que lá ia
a mão apertava
e apertava também
o cardíaco bombeador
que estoirava e estourava

as batidas
explodiam
pra me espatifar
lá da minha horta
a aorta
a horta de parir os desejos
onde ficam as mudas
bem mudas
sem falatório
as mudas de querença
e de temperança
adubadas em tempero
e em esperança
ao sol germinando
do gérmen minando
as ervas danosas
daninhas
danando
comigo
com todos
com tudo

esse tudo que passa
esse tudo que voa
esse tudo que quero
esse tudo que é nada
que nunca se alcança
que ilude em sempre
deixa nas mãos
só uma marca
que logo se esquece
como um dia se fez
como se fez machucado
e fica um sempre
um ranço despedaçado
do que se quis
e jamais se será
e jamais se terá

é
em um espirro
em um só espirro

expectativa se morre

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