terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Somente Krakatoa

Krakatoa é uma ilha
homônima a vulcão
davam-no extinto
e enxurrada chama liquefeita
crepitou povo e choupanas
e nublou lua
anuviou sol

A última refeição das gentes-carbono
teria-lhes ao menos saciado?

Hiroshima é uma cidade 
feita paixão francesa de cinema
Mas que ingenuidade...
Qual película não diluiria
com cogumelos transe-carne
despetalando flores-vida?

Qual esforço por jardins novos em Hiroshima?

Carandiru se fez complexo
pra em concreto armado aferrolhar
Um dia o implodiram
pra o gargalarem ironia
rediviva em parque jovem
Que hipocrisia...
A mortandade só em fonética
anda de rima em mocidade

Quem dará condicional em grama germinada
aos chacinados nas ruínas-pavilhões?

Em Newtown há uma escola
como aquela que estudamos
Projéteis propelidos em corpos pueris
se encarregaram de fazê-la distinção
Metralhadoras não foram feitas pra hora do recreio

Quem tabula em dados lágrimas maternais?

Tlatelolco é uma praça
convertida em jazigo
engolfado em nódoas temporais
contristando sempiterno sol asteca
Que se chorem deuses do Olimpo
Que se ruborizem por seus jogos

Que se perguntem: 
teriam os assassinados estudantes
qual aula na manhã nunca acordada?

Espasma sangue em milhas perto e longe
mas só em Krakatoa por causas naturais

Uberlândia, 29/01/2013 ---- 00:13h

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