Créditos pela imagem: Lucas Janin
Esse maldito trabalho
Que não é o que quero.
Que não é o que espero.
Esse maldito trabalho.
Que não parece ter sentido.
Que me faz acordar quando não gostaria.
Que me faz escravo do ponteiro mais rápido do relógio.
Esse maldito trabalho.
Que me faz tomar dois ônibus ou mais.
Que me angustia só de pensar.
Que amanhã será outro dia.
Esse maldito trabalho.
Que não tenho mais vontade alguma
De vir e sorrir para quem não desejo.
Ou de fazer o que eles dizem que deveria fazer.
Esse maldito trabalho.
Que é o supra-sumo do tédio.
Em que me agonizo por me prostituir
Vendendo cascas de simpatia que encobrem o fingimento.
O que sei é que as meretrizes muito dignas que são
Jamais venderiam seus sentimentos
Talvez elas em algum momento até os entreguem a alguém.
Talvez até mesmo para um desses seus clientes
Mas só os prazeres que propiciam é que estiveram em algum momento à venda.
Suas emoções sempre bem guardadas são oferecidas apenas aos merecedores.
De forma gratuita e quem sabe até incondicional.
Esse maldito trabalho.
Que me faz perder a beleza noturna.
Que me regula e me desregula.
Que tripudia sobre o que quero ser.
Que me torna minha instabilidade tanto mais freqüente.
Que me dilacera sutil e lentamente
com navalhas tão finas e pequeninas
que nunca fui capaz de perceber.
Cortou meus pés, para que não caminhe por vontade própria.
Meus calcanhares para que não me equilibre.
Meus joelhos e cotovelos pelo simples prazer de me desarticular.
Fragmentou depois em mil pedacinhos meu estômago...
e se não bastasse liquidificou os minúsculos pedaços de entranhas.
E digeriu o que eu usava para digerir.
E o meu cérebro se navalhado não foi
Espetado sem piedade se submeteu a torturas.
Motivo pelo qual estou eu assim zumbificado
E em meus lábios perpassa viscosamente o líquido sabor ferrugem
Minha língua impregnada de tal horror ficará
Por dias, meses, anos e além deles.
Impiedosamente!
Mesmo ao perceber minha frágil pele que estará carcomida.
E tudo isso foi tão pouco perto do mais doloroso
Que foi quando vi meu coração em fatias
Tão finas que chegavam a ter uma transparência avermelhada
Era tão bela a perfeição de seu corte que talvez até me esquecesse
Que em poucos dias estaria pútrido ali naquele prato
Pois sequer o comeriam
Apenas o deixariam apodrecer
E eu com olhos chorosos e impotentes de ação
Apenas via um dilúvio frente a mim
Com aquela água com gosto de soro caseiro
E que não era real para todos como todo real é e não é
E aqueles malditos desse maldito trabalho sorriam
Com as faces tão bem forjadas por sua rotina imbecil
Que mal eram capazes de compreender sua infelicidade
Nos escritórios fechados em seus cubículos pareciam bovinos
se enganando ao imaginarem que seriam racionais.
Pastavam o que lhes era oferecido sem questionamento
Enquanto se excitavam em espasmos orgásticos do capital
Que sequer lhes era seu de fato
Recebiam migalhas pouco maiores que as migalhas da maioria
E se satisfaziam com essa miséria um pouco melhor
Que apenas servia para empobrecer seu semelhante
O mesmo que ajudava com uns trapos no natal
Com os restos do peru de sua ceia farta até do que não comesse
E que fazia mea-culpa perante a hipocrisia de seus moralismos cristãos.
E eu nesse maldito trabalho
Tudo observava já muito desanimado
Esperando recompor minhas partes que foram tomadas.
E os malditos desse maldito trabalho
Tão cegos e estúpidos que são
Gargalhavam... apenas gargalhavam.
Esse maldito trabalho
Que não é o que quero.
Que não é o que espero.
Esse maldito trabalho.
Que não parece ter sentido.
Que me faz acordar quando não gostaria.
Que me faz escravo do ponteiro mais rápido do relógio.
Esse maldito trabalho.
Que me faz tomar dois ônibus ou mais.
Que me angustia só de pensar.
Que amanhã será outro dia.
Esse maldito trabalho.
Que não tenho mais vontade alguma
De vir e sorrir para quem não desejo.
Ou de fazer o que eles dizem que deveria fazer.
Esse maldito trabalho.
Que é o supra-sumo do tédio.
Em que me agonizo por me prostituir
Vendendo cascas de simpatia que encobrem o fingimento.
O que sei é que as meretrizes muito dignas que são
Jamais venderiam seus sentimentos
Talvez elas em algum momento até os entreguem a alguém.
Talvez até mesmo para um desses seus clientes
Mas só os prazeres que propiciam é que estiveram em algum momento à venda.
Suas emoções sempre bem guardadas são oferecidas apenas aos merecedores.
De forma gratuita e quem sabe até incondicional.
Esse maldito trabalho.
Que me faz perder a beleza noturna.
Que me regula e me desregula.
Que tripudia sobre o que quero ser.
Que me torna minha instabilidade tanto mais freqüente.
Que me dilacera sutil e lentamente
com navalhas tão finas e pequeninas
que nunca fui capaz de perceber.
Cortou meus pés, para que não caminhe por vontade própria.
Meus calcanhares para que não me equilibre.
Meus joelhos e cotovelos pelo simples prazer de me desarticular.
Fragmentou depois em mil pedacinhos meu estômago...
e se não bastasse liquidificou os minúsculos pedaços de entranhas.
E digeriu o que eu usava para digerir.
E o meu cérebro se navalhado não foi
Espetado sem piedade se submeteu a torturas.
Motivo pelo qual estou eu assim zumbificado
E em meus lábios perpassa viscosamente o líquido sabor ferrugem
Minha língua impregnada de tal horror ficará
Por dias, meses, anos e além deles.
Impiedosamente!
Mesmo ao perceber minha frágil pele que estará carcomida.
E tudo isso foi tão pouco perto do mais doloroso
Que foi quando vi meu coração em fatias
Tão finas que chegavam a ter uma transparência avermelhada
Era tão bela a perfeição de seu corte que talvez até me esquecesse
Que em poucos dias estaria pútrido ali naquele prato
Pois sequer o comeriam
Apenas o deixariam apodrecer
E eu com olhos chorosos e impotentes de ação
Apenas via um dilúvio frente a mim
Com aquela água com gosto de soro caseiro
E que não era real para todos como todo real é e não é
E aqueles malditos desse maldito trabalho sorriam
Com as faces tão bem forjadas por sua rotina imbecil
Que mal eram capazes de compreender sua infelicidade
Nos escritórios fechados em seus cubículos pareciam bovinos
se enganando ao imaginarem que seriam racionais.
Pastavam o que lhes era oferecido sem questionamento
Enquanto se excitavam em espasmos orgásticos do capital
Que sequer lhes era seu de fato
Recebiam migalhas pouco maiores que as migalhas da maioria
E se satisfaziam com essa miséria um pouco melhor
Que apenas servia para empobrecer seu semelhante
O mesmo que ajudava com uns trapos no natal
Com os restos do peru de sua ceia farta até do que não comesse
E que fazia mea-culpa perante a hipocrisia de seus moralismos cristãos.
E eu nesse maldito trabalho
Tudo observava já muito desanimado
Esperando recompor minhas partes que foram tomadas.
E os malditos desse maldito trabalho
Tão cegos e estúpidos que são
Gargalhavam... apenas gargalhavam.
os ossos do ofício
ResponderExcluirnos deixam
cada vez mais vira-latas(com hífem mesmo)
braço.
Muitas pessoas arranjam um emprego pra ter liberdade, e acabam encontrando outro tipo de prisão.
ResponderExcluirFeliz 2010
Abraços
hummm
ResponderExcluire dizem q o trabalho dignifica o homem
O capitalismo está aí para nos "zumbinizar". Graças a Deus existe a arte, para lembrar-nos a cada dia que somos humanos - o que era para ser óbvio.
ResponderExcluirabç
Pobre Esponja
escolha um em emprego q vc se realize ..pois vc nunca vai trabalhar um dia sequer
ResponderExcluirbeijosssss