Bonés de aba reta, cabelos black, alargadores nas orelhas e outros
tantos adereços que compõem estilos em que se veste a juventude do povo
brasileiro ocuparam a cena durante a Batalha de MCs e Arena Break que ocorreu
no centro de Uberlândia neste sábado dia 21 de maio.
Os jovens implodiam assim a estética impositiva provinda de
muitos que moram nas proximidades daquela região da cidade, que por um certo
elitismo ainda vigorante, não costuma acolher tão bem assim a diversidade.
Aquela região próxima
ao núcleo fundador da cidade, onde moravam/moram os coronéis locais poderíamos
fazer alusão a algo que seria como uma “cidade velha”. Contudo que se transmuta
pela presença daqueles jovens com seus versos e beats, em uma cidade que
reivindica ser nova, uma novidade. Uma novidade feita pelo que emerge enquanto
resistência ao que é dominante. Querem que a cidade tenha rap e, não querem ter
apenas voz (pois já tem e mandam incrivelmente bem nisso), querem que estejam
com os seus, para que possam se ouvir e falar (Juntos).
Construir suas formas próprias de viver e fazer a paisagem
da cidade.
O local escolhido pelos organizadores, inicialmente seria a
chamada Praça Bicota, que recebeu esse nome devido a uma sorveteria que ali
fica situada. Mas, por ser um local pequeno e que não comportaria todas as
pessoas a atividade foi deslocada para outra praça ali próxima: a praça da Igreja do Rosário.
A igreja em que frequentavam as negras e negros que se
libertaram da escravidão agora em seu entorno é tomada pela juventude dos
bairros populares e da periferia de Uberlândia. O local de sociabilidade e de
relações sociais do povo negro de ontem, em que exprimiam dentro de pressões
sua cultura, seu modo de viver, hoje se fez o lugar em que os jovens da cidade
da classe trabalhadora, em grande parte também negros, manifestem suas artes,
suas rimas e seu jeito de ser.
Jovens que ocupam a cidade com alegria, dizendo que querem
fazer acontecer. Com o mesmo ímpeto e vontade de quem não abaixa a cabeça, de
quem rompeu as correntes para livre poder ser. Mostram assim que a juventude
quer viver, quer ter lazer, cultura, educação e artes. Quer uma cidade que
acolha as diferenças, que seja acessível a todos e todas, sem que se feche em
muros, ou que segregue quem não concorde com a normas instituídas.
ESSA JUVENTUDE DO BRASIL! É FOGO NO PAVIL!
Fotos: Cleber Couto
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