Meu escrever é busca insistente
procurar de mim mesmo
envolto em voltas e mais voltas
dinamitar de verborragias
diarréia palavresca verborréia
Meu escrever é tentativa
frustada de captação de meu viver
Turvo, insólito, despreparado
abraça nebulosas do inesperado
Exaspera-me bruta fera
Assim só pra combinar
primeira e última palavra
do verso meio morto
Todo tolo.
Surpreende!
Diz que sou delinquente!
Meu delito foi te amar
Desconcordantemente
o verbo e o pronome.
Assim disse ela
que respondia pela alcunha de Norma
Norminha para os íntimos
Norma Culta para os comuns
como eu sou, como você deve ser
Tão regrada e sistemática
mas descompassada
perto do fervilhar das línguas
que reinventavam a fonética
a gramática e a própria vida
Bastava um corriqueiro sair à rua
Mesmo assim eu a amava
Ela, a Norma...
que de algum modo ajudou a me fazer
Só lamentava isso dela
Essa tal coisa se enclausurar
se alhear tantas vezes
ao tombar da tradição pelo novo
à reinvenção das negações do passado
Um texto é cheio de reviravoltas a cada instante
Assim como nossa estada sobre (ou sob) a terra também é.

Com base na obra disponível em solucomental.blogspot.com.
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Sim, nossos textos são cheios de reviravoltas, Diego. Pra lá e pra cá...um encontro bom, outro ruim...
ResponderExcluirAquele abraço!