quarta-feira, 16 de março de 2011

Inoperância rítmica acentuada.

Créditos pela imagem: * NightHawk24 *


Um dia me perguntaram
Por que não grafava poesia assim?
Por que não a "construía"
- como gostavam de dizer -
na batida da asa ritmada?

Eu não dizia
mas muito queria dizer
que simples demais seria a questão.
Que era por não ser
a poesia um edifício
mesmo sendo erigida
na superposição de linhas
uma após outra na vertical.

E que o ritmo ajeitado
que não era regra
porém muito costumeiro
era uma belezura
Mas não era tudo em si
Por si carecia de um algo
que pudesse ser um pouco de mundo,
vestígios do vital.

Eu mesmo rimei umas duas vezes
Uma foi sem querer
A outra foi plágio inconsciente
que os corujões chamam referência

Por essas tais vezes
não recebi elogios
pra apetecer minha egocentria
Tampouco mereci deferência.

Amassei o caderno
com muitos dos escritos
mandei-os pro inferno
Junto com meu tênis e meu terno
que nunca os tive.

No caminhão dos lixeiros
também mandei passear
por longos tempos indefinidos
as formulazinhas de bem escrever
E assim preteri o belo
pra falar o que bem entender
modelado e modulado
por meu próprio fazer

Deixei de lado o ato da construção
escolhi não a Conceição,
mas a arte da confecção.
Poderia ter escolhido
ser fabril e ser febril
Na levada continuada,
cubificada, planificada, planejada,
feitura de arquiteto ou engenheiro.

Eu preferi ser artesão
e fazer de cada obra evento único
que mesmo com semelhar de finalidades
do cotidiano dissesse mais que trivialidades.

Findo por aqui,
numa sensatez bem dosada
é que vai ver
eu nunca aderi ao balançar
dessa tal asa ritmada
pra não sugar à exaustão
a magnitude de seu sangue eterno.

Licença Creative Commons
A obra
Inoperância rítmica acentuada. de Diego? Chuck? Glommer? foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
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sábado, 5 de março de 2011

Espuma, sabão e as utopias contra as distopias.

créditos pela imagem: TheGirl78


Todo sectarismo já nasce morto
na política, no amor e na vida.
Todo descrédito pelo outro também
Mesmo que os santos digam amém

Toda tolice será perdoada
até que se tenha humildade
para reconhecer o tolo que se é

Mas nenhuma estupidez será perdoada
quando for feita visando o bem de si só

Logo, logo será ceifado
no corte seguido degolado
Estripado e esquartejado
Não pelas armas
Não pelo físico
Mas na artéria da alma

Padece de vitalidade
A rubra cor que pinta o céu
é a mesma que na rua se permite pintar
as portas dos barracos nas vielas estreitas
das ladeiras íngremes de violência
geradas pelos tapas que dão os opressores
nas faces tristes
justo daqueles que geram sua fortuna

Por agora só resta esfregar
limpar do chão essa vermelhidão
Misturam-se os líquidos
Sangue e sabão.
Corre a vida lá fora
Enquanto teorizamos a revolução.

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A obra
Espuma, sabão e as utopias contra as distopias. de Diego? Chuck? Glommer? foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada.
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